Parque das Águas – A mais recente ala museal do Parque Histórico, inaugurada em 2015
Existe hoje uma onda de novos museus pelo país, a implantação e atuação desses museus no Brasil é recente e crescente, esse fenômeno é resultado de uma série de fatores: políticos, sociais, econômicos e culturais, a própria dimensão do entendimento da instituição museu ganhou novos significados e significações nas últimas décadas, deixando um pouco de lado aquela velha imagem de um espaço elitista e formal, aliás, velho, foi um dos termos do imaginário coletivo acerca da instituição que gradativamente vem sendo desmistificado, o interesse latente do público por esses espaços demonstra isso. Outros fatores como a democratização do acesso ao público, a dinamização das atividades museais, abertura para participação comunitária e financiamento via renuncia fiscal, favoreceram o crescimento e firmamento do setor.
Hoje podemos dizer que os museus já estão se tornando parte da vida cotidiana dos brasileiros, ou de uma parcela significativa deles, e isso é incrível! No Hot Spot de hoje, vamos falar um pouco do Parque Histórico de Carambeí, um dos maiores museus históricos a céu aberto do país, que dedica seus esforços na preservação da memória dos imigrantes holandeses em um parque com alas museais temáticas belíssimo, que é também um dos três museus mais visitados no Estado do Paraná.
O Parque das Águas representa a arquitetura típica holandesa e a relação com diques, canais e pontes na engenharia das águas.
Localizado numa pequena e encantadora cidadezinha do interior do Paraná, próxima a Curitiba, com pouco menos de 20.000 habitantes, o museu se destaca pela sua dimensão territorial em seus mais de 110 mil m² e por ser um projeto privado de caráter sociocultural com o compromisso de preservar a memória dos imigrantes que se estabeleceram na cidade de Carambeí e assim difundir a cultura dos Países Baixos, pois, a imigração massiva da cidade foi neerlandesa. Inspirado nos museus escandinavos de folclore, onde os visitantes podem interagir com o acervo e com a arquitetura, o Parque reproduziu uma pequena vila histórica dos anos 1930 em tamanho natural, para representar toda a dinâmica social da antiga colônia de holandeses, pautado é claro, na experiência do visitante e no conceito de interação.
A Vila Histórica reproduzindo a antiga Colônia de imigrantes dos anos 1930
Outra ala interessante é o recém inaugurado Parque das Águas, um complexo museal destinado a ilustrar o controle do fluxo das águas pelo povo holandês, em casas temáticas que abordam temáticas como sustentabilidade, economia criativa e cooperativismo, inclusive há uma casa construída somente com material ecológico, possui abastecimento por luz solar e os canais do complexo são abastecidos somente com água da chuva, enfim, responsabilidade ambiental passada por gerações.
O ambiente proporciona uma verdadeira imersão na história e cultura local e isso é muito bacana, logo na entrada do Parque há uma ponte pênsil de origem holandesa para atravessar um pequeno canal, mais adiante avista-se uma bela casa de arquitetura típica da Renascença daquele país.
No interior dessa residência é possível perceber os detalhes da decoração e da composição dos móveis e peças desse período, algo que fica evidente para qualquer admirador das obras de Vermeer e Rembrandt. O acervo, é claro, é todo de época. Um charme e tanto!
Por sinal, o acervo é uma atração a parte e conta com uma infinidade de itens de natureza variada, desde utensílios domésticos, móveis, fragmentos, fotografias, quadros, livros, ferramentas, caminhão e até tratores, constituindo coleções etnográficas que permitem vislumbrar testemunhos materiais e a importância e o valor documental, histórico e simbólico deste acervo, o que acaba por possibilitar ao visitante compreender e refletir sobre os processos migratórios e a cultura dos povos provedores desses materiais.
Reprodução de um típico armazém do início do século XX
O colorido exuberante da tradicional culinária indonésia
Agora, se você quer realmente mergulhar de cabeça na cultura local é preciso dar uma paradinha no Koffiehuis, a confeitaria e restaurante anexo ao museu, lá você poderá saborear iguarias da culinária holandesa e indonésia – a Indonésia foi colônia holandesa por durante quase 400 anos e possui um fluxo migratório considerável na região e sua presença é marcante na gastronomia – seus pratos são considerador um carnaval de sabores, uma verdadeira experiência sensorial. Não deixe de provar também as deliciosas tortas artesanais da cultura holandesa, tradicionais na cidade. Um deleite ao paladar!
Os exóticos sabores da Indonésia que misturam doce, salgado, azedo e amargo num só prato
As famosas tortas artesanais de Carambeí – considerada a cidade das tortas
Poffertjes – Petisco típico holandês – Mini panquequinhas com manteiga derretida polvilhadas com açúcar e canela.
Se você gosta de museus e de locais culturais que te proporcionam uma experiência diferenciada, certamente não deve deixar de conhecer o Parque Histórico de Carambeí, um local repleto de história, cultura, arte, paisagens deslumbrantes e de bônus, o ar puro da zona rural do interior desse Brasil.
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